segunda-feira, 2 de setembro de 2024

 

Juros do cartão de crédito voltam a subir e atingem maior patamar do ano, diz Banco Central

Taxa do cheque especial, segunda linha de crédito mais cara disponível no mercado, desacelerou e chegou a 127,8% ao ano


Economia|Clarissa Lemgruber, do R7, em Brasília

Juros do rotativo do cartão chegam a 432,3% ao anoMarcello Casal Jr./Agência Brasil/Arquivo

A taxa média de juros do rotativo do cartão de crédito voltou a subir e chegou a 432,3% ao ano em julho, o maior patamar do ano. O indicador teve alta de 3,6 pontos percentuais em relação a junho, quando o indicador era de 428,7% ao ano. A informação consta das Estatísticas Monetárias e de Crédito, divulgadas nesta quinta-feira (29) pelo Banco Central.

Na prática, isso significa que qualquer dívida no cartão de crédito feita há um ano cresce cinco vezes se o consumidor não pagar a fatura no dia do vencimento.

Por exemplo, o consumidor que devia R$ 800 em janeiro do ano passado precisa desembolsar um adicional de R$ 3.458,40 para quitar o saldo devedor com a instituição financeira após um ano, totalizando uma dívida de R$ 4.258,40.

Em dezembro do ano passado, o CMN (Conselho Monetário Nacional) determinou um limite de 100% para as taxas de juros do rotativo após o Congresso Nacional aprovar uma lei com essa regra.

A decisão entrou em vigor este ano e vale para as dívidas contraídas a partir de janeiro. Sendo assim, com a nova norma, se a dívida for de R$ 200, por exemplo, o valor total, com a cobrança de juros e encargos, não poderá exceder R$ 400.

As taxas de juro apresentadas pelo BC podem sugerir, portanto, que os bancos estejam descumprindo a lei, mas o que acontece é apenas um registro estatístico. Para chegar às taxas anuais, a autoridade monetária extrapola o juro cobrado ao mês pela instituição financeira para o ano.

Essa taxa, porém, nem sempre é efetivada porque, geralmente, são apenas por alguns dias ou semanas que o consumidor fica “pendurado” no cartão, que costuma ter as taxas mais elevadas.

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, explicou que a instituição não pretende descontinuar essa série histórica porque ela ainda serve como referência para mostrar a velocidade de aumento ou redução dos juros e também porque é um dos componentes para se chegar à taxa cobrada pelo sistema como um todo.

Cheque especial

O cheque especial, segunda linha de crédito mais cara disponível no mercado, que está embutida na conta-corrente dos brasileiros, desacelerou em julho. Os juros médios chegaram a 127,8% ao ano, 3,5 pontos percentuais a menos do que o registrado em junho.

No cheque especial, uma dívida de R$ 800 mantida por um ano sem pagamento salta para R$ 1.822,40.

Crédito consignado

Para driblar os índices das modalidades com as maiores taxas de juros do mercado, os consumidores podem aderir ao empréstimo consignado, que oferece desconto direto na folha de pagamento. A taxa da linha de crédito se manteve no mesmo patamar pelo terceiro mês consecutivo (23,2% ao ano).

Dentro do consignado, as taxas variam entre os grupos de profissionais, com a menor delas cobrada aos beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), 21,4% ao ano. Para os servidores públicos e trabalhadores do setor privado, as cobranças figuram em, respectivamente, 22,9% e 38,6% ao ano.

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