Entretenimento / Música Junior relembra medos ao falar de demora para lançar primeiro álbum como cantor: 'Passei maus bocados com críticas negativas'
Músico, que não assina mais o sobrenome Lima, divulga "Solo — Volume 1" e, entre outros assuntos, relembra dupla com a irmã, Sandy, e os rótulos que eram atribuídos aos dois; conta sobre a relação com os filhos; e fala de como sua mulher, Mônica, o inspira
Por Naiara Andrade
Foto: Fotos de Breno Galtier/Divulgação
Por que só Junior, e não mais Junior Lima?
Foi uma pessoa da minha equipe que me provocou a reflexão: “Será que Junior já não é suficiente?”. Em se tratando de um projeto pop, fez sentido para mim.
Essa decisão tem a ver com querer ser lembrado simplesmente por ser quem você é, e não mais ligado a sua família?
Já senti essa necessidade, mas hoje não entro nessa. É bobagem, perda de tempo. Minha história é minha história, realizei tantas coisas legais... Lá atrás, o Lima era pra não falarem “o Junior de Sandy & Junior”, mas não adiantou. Então, assim, foda-se (risos).
Por falar nisso, “Foda-se” é o nome de uma das músicas do álbum. Outra se chama “Ninguém é santo”. Muita gente guarda uma imagem sua de príncipe educadinho. Você é desbocado?
Sou... Falo bastante palavrão. Não a ponto de ficar vulgar, mas tenho zero tentativa de parecer santo ou príncipe. Esse rótulo eu acabei herdando da imagem atribuída à minha irmã. Quando adolescentes, acabamos sendo vítimas de algumas pegadinhas, coisas que nem condiziam com a realidade. Não tivemos vida comum, mas somos pessoas normais. Enquanto Sandy era “a santa”, muitas vezes eu era “o porra louca”. Já noticiaram até que eu tinha sido internado em clínica de reabilitação como usuário de crack! Enfim... Sou bastante educado, mas falo meus palavrões. E sou ótimo marido e ótimo pai. Faço o meu melhor.
Seu pai, Xororó, contribui em duas composições de “Solo — Volume 1”: “Sou” e “O dom”. Esta segunda é dedicada a seu primogênito, Otto, enquanto “Novo olhar” é para a caçula, Lara. A interação com seus dois filhos é diferente?
Independentemente de serem menino e menina, eles têm personalidades distintas. Ao mesmo tempo, são muito parceiros, têm um amor muito grande, é fofo de ver. Eles mudaram absolutamente tudo na minha vida. O ranking de prioridades foi alterado para dar espaço aos dois. Uma vez, ouvi uma frase muito real: “Quando a gente tem filho, a vida vira do avesso, mas aí a gente descobre que o avesso é o lado certo”. A chegada deles me deu mais tesão pra realizar, pra prover. Tipo: “Deixa comigo que eu vou resolver essa parada”. Ser pai me deixou mais leão, saca?
E tem música no álbum para a sua mulher?
A Mônica está presente no disco inteiro. Ela é minha inspiração pra falar de sentimentos positivos, de amor. Tem muitas passagens da nossa história, nas músicas. Uma canção, que é bem especial pra gente, estará no “Volume 2”. Se chama “Seus planos”.
Por que esse seu primeiro álbum solo demorou tanto a chegar?
Sinceramente, acho que não estava preparado para isso antes. Precisei viver tudo o que eu vivi para ter a bagagem, a experiência e, talvez, a coragem de encarar isso. Eu tinha vários fantasmas em relação a assumir o vocal. Passei uns maus bocados com críticas negativas, que acabaram me atingindo. Fiquei com certo receio. Pensava: “Eu não preciso disso, vou me realizar só como músico e produtor”. E aí, na turnê recente com minha irmã, veio a reflexão de que eu estava distante da minha essência de artista pop. Ali eu me percebi preenchendo vazios que eu sentia há muito tempo e não entendia. Nasceu a certeza de que eu precisava ocupar o meu lugar, voltar para as minhas raízes. Esse disco cumpre um papel de reflexão e de terapia pra mim. Boto pra fora sentimentos com que eu queria entrar em contato.
Este álbum nasceu durante a pandemia, quando você contou ter se isolado no mato e ficado “deprezão” por estar longe do estúdio de música. Foi a primeira vez que essa questão de saúde mental surgiu pra você?
Não, eu já tinha passado por uma fase bem “treta” emocionalmente, em 2012 e 2013. Foram anos muito difíceis. Tive pânico, outros buracos na vida. Mas faz parte, são momentos de aprendizado. O importante é saber levantar.
fonte:https://extra.globo.com/
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