Alerta: álcool na gravidez não combina com a saúde do bebê
Ingestão de bebidas alcoólicas pode causar diversos males ao feto, segundo os especialistas
Foto: Freepik
No mundo, a estimativa é que 9,8% das gestantes consomem bebidas alcoólicas. Já no Brasil, este número sobe para 15,2%. Levando-se em conta os prejuízos que o álcool podem causar ao feto, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças e outras organizações reconhecem que não há quantidade segura de consumo de álcool durante a gravidez e recomendam a abstinência total. De acordo com a médica obstetra Bruna Pitaluga, estudos já demonstraram que mínimas doses de álcool atravessam a placenta através do sangue materno chegando ao líquido amniótico e ao feto em desenvolvimento. Passada somente uma hora da ingestão, os níveis de etanol no líquido amniótico e no sangue fetal já são equivalentes aos da gestante.
— Como o feto não apresenta mecanismos maduros de destoxificação, o álcool não é metabolizado e tem efeito ainda mais intenso para o seu metabolismo — diz. — A ingestão alcoólica durante a gravidez pode causar abortamento, natimorto e uma série de alterações comportamentais, intelectuais e físicas — completa a médica. Entre essas alterações está a síndrome alcoólica fetal (SAF) e os distúrbios do espectro alcoólico fetal (DEAF), que são as causas mais comuns de deficiência intelectual não hereditária.
O SAF é a forma mais grave de um espectro de transtornos relacionados ao uso do álcool, que também inclui a síndrome alcoólica fetal parcial; alterações ao neurodesenvolvimento e malformações congênitas. Estima-se que a SAF afete entre 1,5 mil e 6 mil crianças nascidas todos os anos no Brasil. Apesar de sua gravidade e prevalência, a síndrome é frequentemente ignorada ou diagnosticada erroneamente, o que impede que as crianças afetadas recebam os serviços necessários de forma oportuna.
O diagnóstico da SAF, destaca a obstetra, é baseado na presença das seguintes características clínicas, todas as quais devem estar presentes: retardo de crescimento pré-natal e/ou pós-natal; dismorfologia facial, caracterizada por olhos pequenos, lábio superior fino, fácies plana (a face em sua estrutura anatômica) e fissuras palpebrais curtas; disfunção do sistema nervoso central, apresentando alterações na atenção, nas habilidades motoras, na aprendizagem e microcefalia. Ao longo da vida, os pacientes portadores da síndrome podem apresentar uma variedade de incapacidades neuro comportamentais, como agressividade, depressão, ansiedade, hiperatividade, impulsividade, anorexia e outros distúrbios alimentares; tendência ao abuso de álcool e outras drogas, e dificuldades para planejar e atingir metas.
O DEAF, por sua vez, afirma a médica, apresenta um diagnóstico mais amplo que abrange pacientes com SAF e outros afetados pela exposição pré-natal ao álcool, mas que não preenchem todos os critérios completos para a SAF. Não há cura para a SAF, mas há tratamento. Este, é multidisciplinar — pediatras, psicólogos, psiquiatras e equipes de saúde treinadas, aliados a professores que conheçam o problema.
— O tratamento inclui o manejo de condições mórbidas, suporte nutricional, manejo de problemas comportamentais e dificuldades educacionais, encaminhamento de pacientes para terapias habilitativas e educação dos pais, para que eles aprendam a lidar com seus filhos portadores de SAF — comenta Bruna Pitaluga.
A melhor forma de tratar a síndrome e outros distúrbios fetais associados à ingestão de álcool pela mãe continua sendo por meio da prevenção. Sendo assim, ressalta a especialista, durante o aconselhamento pré-concepcional e cuidados pré-natais, todas as mulheres devem ser avaliadas quanto ao consumo de álcool.
— Caso seja verificado a ingestão alcoólica, esta deve ser abordada com intervenção o mais breve possível — aconselha a médica.
Bruna ressalta ainda a importância de medidas educativas, lembrando dos prejuízos ao feto que podem ser causados pela ingestão de álcool durante a gravidez. Por fim, ela faz um apelo às pessoas para que respeitem a gravidez de uma mulher.
— Se você conhece uma gestante, não ofereça álcool para ela e apoie a decisão da mesma em ter uma gestação saudável, totalmente livre de álcool ou qualquer outra droga — pede a obstetra.
fonte:https://extra.globo.com/
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