sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Xingamentos, aluguel, escala de horário: como vivem os fãs do RBD acampados em frente ao Engenhão há quase um mês 

Grupo não mede esforços para ver os ídolos de perto nos dias 9 e 10 de novembro 

Por Luis Felipe Azevedo*


Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo

Nem mesmo a onda de calor que chegou ao Rio de Janeiro na semana passada desanimou os fãs do RBD que se reúnem em frente ao Estádio Nilton Santos, o Engenhão, na Zona Norte da cidade, desde o último dia 6. Acampados em barracas de camping, eles esperam ansiosos pelas apresentações da banda, em novembro, e não medem esforços para ver os ídolos de perto. Um dos grupos chegou a alugar um apartamento nas redondezas do local para facilitar a organização.

— O meu grupo de 15 pessoas criou uma vaquinha para pagar um aluguel de R$ 1.300 por dois meses. Muitos de nós moramos longe e avaliamos que valeria a pena o investimento. Estou aqui uma vez na semana, no meu dia de folga do trabalho, e já estou intensificando os exercícios na academia para conseguir correr quando os portões forem abertos — diz Jéssica Trindade, de 24 anos.

Os shows do RBD no Rio de Janeiro acontecem nos dias 9 e 10 de novembro. O grupo mexicano criado a partir de uma novela voltada para o público adolescente se apresentou no Maracanã em 2006 e não canta no Brasil desde 2008.

Sete barracas estão montadas na região. Cada uma tem 30 pessoas que se revezam em três turnos diários. Os grupos foram montados após conversas entre os fãs na fila para a compra dos ingressos, no fim de janeiro. Entre as regras de convivência pré-definidas estão: cumprir o horário combinado, manter o local limpo e organizado e respeitar os colegas.

Sempre que precisam, eles vão ao banheiro e tomam banho em um restaurante próximo ao estádio. O gasto médio diário com as necessidades básicas costuma ser de R$ 60. Além de enfrentar as altas temperaturas, o grupo revela ser alvo de xingamentos e humilhações.

— Ao mesmo tempo que recebemos ajuda de muitas pessoas, também somos julgados. Já ouvi gritarem que somos vagabundos e desocupados. Todos nós trabalhamos e apenas conseguimos manter o local na fila por conta da organização em escala — relata Daniel Peres, de 28 anos.

Os fãs do RBD afirmam que o amor pelo grupo e a longa espera pelo retorno da banda fazem os dias passados na fila valerem a pena. Vanessa Borges, de 29 anos, conta que juntou dinheiro por três anos na esperança de ver os ídolos novamente.

— Sou fã da banda desde que me conheço por gente. Inclusive, menti para o meu pai quando tinha 11 anos para acampar em frente ao Maracanã e conseguir ver o show colada na grade. Entretanto, o juizado de menores foi até a fila e levou todos nós. Minha mãe ficou muito brava — lembra Vanessa.

O grupo de fãs diz que se sente seguro e que uma viatura da Polícia Militar fica 24 horas na entrada do estádio. O Engenhão recebe o show do cantor canadense The Weeknd no próximo dia 7. Em casos de eventos como esse ou de jogos do Botafogo, o acampamento é retirado e retorna ao lugar somente após a realização da partida.

* Estagiário sob supervisão de Leila Youssef

fonte;https://extra.globo.com/

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