Mudei muito, quando coisas e pessoas que eu achava interessantes tornaram-se desnecessárias e vazias para mim. Quando percebi que a minha liberdade estava sendo violada pelo falso companheirismo do outro. Quando me senti invadido e oprimido pelos grandes enganos e mentiras que tive que suportar calado por medo de perder.
Não, não me arrependi de ter mudado, não me culpo pelos distanciamentos, não me torturo mais pelas partidas desavisadas como antes, nem fico triste por quem se foi quando mais precisei de um amigo, de uma pessoa que me aceitasse como sou. Oro por eles, desejo o que há de melhor para eles, e sigo a minha vida olhando para frente. Tenho consciência de que continuo em construção, que preciso mudar, aprender mais, crescer mais, e me permito sempre.
Já tive uma tendência a demonstrar sentimentos excessivos, já expressei o meu coração excessivamente, e acreditei em palavras encantadoras e bordadas de afetos ilusórios, quando, na verdade, elas não eram firmes nem sinceras. Hoje, compreendo que nem sempre acertamos ou agradamos.
Continuo amando e respeitando da mesma maneira, mas no meu espaço e protegendo o meu chão. A vida nos apresenta pessoas, e Deus nos revela quem devemos manter ao nosso lado. Até que aprendamos a separar o joio do trigo, as perdas são dolorosas e as decepções implacáveis.
No entanto, as certezas que brotam no meu coração são de que Deus conhece exatamente aqueles que se identificam conosco, que são verdadeiros, que nos abraçam com a alma, que toleram e suportam as nossas chatices, riem com as nossas alegrias e choram com as nossas dores. Ele sabe, não precisamos falar.
O segredo é não sermos envenenados por pessoas más ou que nos abandonam, nem ficarmos tristes, imaturos, desconfiados e inseguros sobre o amor e o perdão. Precisamos estar acima do que nos destrói e fazer a diferença mesmo que o outro não mereça. Afinal, também falhamos, e feliz é aquele que sabe reconhecer os seus erros e aprender com eles em qualquer situação. A mudança é uma bênção que nos traz o que é novo.
TEXTO DE: Cecilia Sfalsin
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