Combinação de remédios pode 'mudar completamente' o tratamento do câncer de pâncreas
Afirmação é de pesquisador que obteve resultados animadores em testes iniciais; esse tipo de tumor é um dos mais agressivos
Pesquisadores recomendam mais testes com os remédios
FREEPIKPesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA), descobriram que medicamentos que já existem, se combinados, podem ser um tratamento eficaz para o câncer pancreático, um dos tipos mais agressivos.
Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), "o câncer de pâncreas apresenta alta taxa de mortalidade, por causa do diagnóstico tardio. No Brasil, é responsável por cerca de 1% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 5% do total de mortes causadas pela doença".
Em um artigo publicado nesta quarta-feira (28) no Cancer Research, um jornal da Associação Americana para Pesquisa do Câncer, cientistas mostraram os resultados positivos de estudos feitos com drogas que atuam em dois genes.
Os genes KRAS e ERBB estão associados ao câncer pancreático. O gene KRAS sofre mutação em cerca de 90% dos casos, resultando em um crescimento celular descontrolado. O gene ERBB também pode estar envolvido, apresentando amplificações ou mutações que estimulam o crescimento celular.
As drogas que inibem o gene KRAS têm se mostrado promissoras nos tratamentos, mas sabe-se que o câncer pancreático desenvolve resistência a elas.
Os pesquisadores descobriram que a inibição do gene KRAS levou a um aumento no gene ERBB, que por sua vez dirigiu o gene KRAS e outros genes relacionados.
Para superar isso, os autores do estudo testaram uma combinação de inibidores de KRAS e ERBB e descobriram que era mais eficaz e menos propensa à resistência do que a inibição de KRAS sozinha.
As drogas foram testadas em modelos de câncer pancreático humanos e de camundongos. Observou-se que os camundongos tratados com a combinação do inibidor KRAS MRTX1133 e do inibidor pan-ERBB Afatinib sobreviveram significativamente por mais tempo.
O uso associado de MRTX1133 e Afatinib também reduziu o número de células cancerígenas sobreviventes mais do que o MRTX1133 sozinho.
"Os inibidores de KRAS têm o potencial de mudar completamente o panorama do tratamento do câncer pancreático", comentou em comunicado o autor sênior do trabalho, o pesquisador Herve Tiriac.
O grupo de cientistas recomenda que sejam feitos mais estudos dessa combinação de drogas em ensaios clínicos para pacientes com câncer pancreático.
"No entanto, precisamos fazer muitos testes iniciais para otimizar a terapia KRAS ou os ensaios clínicos podem obter muitos dados negativos", ponderou Tiriac.
O estudo também descobriu que a combinação de drogas teve um efeito sinérgico e foi mais eficaz do que as drogas individuais sozinhas.
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