Foto: Leonardo Bosisio/g1
Segundo o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), será avaliada a possibilidade do réu, um homem de 62 anos, ir à júri popular.
Por Leonardo Bosisio, g1 Presidente Prudente
O juiz Marcel Pangoni Guerra da Comarca de Regente Feijó (SP) marcou para às 14h do dia 19 de junho a audiência de instrução, interrogatório, debates e julgamento sobre o caso da professora Eliana Neves, de 52 anos, que foi encontrada carbonizada no porta-malas do próprio carro, no dia 28 de março deste ano.
A decisão foi publicada nesta segunda-feira (1º) e, segundo o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), a audiência irá avaliar a possibilidade de Carlos de Souza, de 62 anos, ir à júri popular.
A Justiça analisou a denúncia do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE-SP) em abril, que enquadrou o réu na prática de homicídio triplamente qualificado com emprego de fogo, impossibilidade de defesa da vítima e feminicídio.
O idoso foi preso na noite do dia 28 de março e, segundo a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou ao g1, ele segue no Centro de Detenção Provisória de Caiuá (SP).
O Instituto Médico Legal (IML) submeteu o corpo da vítima a um exame de DNA e, na última sexta-feira (29), após mais de um mês do crime, a Secretaria de Segurança Pública (SSP), que administra o órgão, disse, por meio de nota, ao g1 que “o material genético da vítima foi coletado e encaminhado para análise.
Conforme a SSP, o exame está em fase de elaboração e dentro do prazo. “No entanto, ainda está em andamento devido a sua complexidade. Tão logo for finalizado, será analisado pela autoridade policial”.
Até a última atualização desta reportagem, o g1 tentou e não conseguiu fazer contato com o advogado de defesa do réu.
Relembre o caso
Conforme o delegado responsável pelo caso, Airton Roberto Guelfi, a Polícia Militar recebeu um chamado de um produtor rural, no início da noite, alegando que um veículo estava pegando fogo em meio à uma plantação de soja.
Os policiais foram até o local e pela placa do veículo conseguiram identificar que o proprietário era morador de Regente Feijó. A Polícia Civil foi acionada e, enquanto se deslocavam, a PM já havia feito contato com os familiares.
No local, os agentes encontraram alguns familiares e iniciaram uma conversa para tentar entender o que poderia ter acontecido.
“Durante a entrevista, o que chamou a atenção foi um possível envolvimento da proprietária do veículo com um homem de Regente Feijó. Nós identificamos, com os familiares, a residência desse cidadão e, imediatamente, a gente se deslocou até essa residência”, relatou Guelfi.
Na casa do suspeito, ele foi questionado sobre esse relacionamento com a vítima e permitiu a entrada dos policiais.
“No interior da casa, onde havia um pouco mais de luz, identificamos no braço dele algumas queimaduras que já remetiam a ideia, justamente, do incêndio do veículo, o que chamou atenção”, enfatizou o delegado.
Além disso, os policiais verificaram outras inconsistências em relação a versão dada pelo homem, como por exemplo, ele afirmou que ficou das 9h às 15h andando de bicicleta, porém, a Polícia Civil verificou que o objeto continha teias de aranha que davam indícios que não saía do lugar há um tempo.
O suspeito foi conduzido para a Delegacia e, durante o interrogatório, o delegado apresentou todas as informações coletadas com testemunhas e perícias e o questionou sobre os fatos.
“Ele acabou confessando indiretamente que estava com ela no local. A única coisa que ele alega é que ela mesmo que buscou a morte. Ele alega que ela se matou através do fogo. A versão é basicamente essa, que ele estava no local e viu o carro pegando fogo e que, diante do pedido da vítima que queria se matar, ele se virou e foi embora”, afirmou Guelfi.
Na residência, a Polícia Civil também localizou uma medida protetiva expedida por um juiz de São Paulo (SP), que proíbe ele de manter contato com a ex-esposa.
Não há evidências de que ele tenha recebido ajuda para cometer o crime.
Testemunhas
Segundo o delegado, a colaboração da família e de testemunhas foi de fundamental importância para a investigação do caso, inclusive, apresentando contradições na versão inicial do envolvido.
“Essas testemunhas disseram que no dia do crime, durante a tarde, haviam avistado os dois no interior do veículo. Então, isso foi fundamental para que a gente pudesse entender e, consequentemente, concluir que a versão dele não era a verdadeira”, analisou Guelfi.
Os vizinhos do homem confirmaram para a Polícia Civil que ele se mudou para a cidade há cerca de 20 dias e, conforme testemunhas, não há informação de nenhum tipo de agressão anterior entre eles.
“A informação que temos é que ele é natural de Regente, mudou-se para São Paulo e retornou agora. Segundo testemunhas e ele, os dois se conheceram na infância e agora, quando acabou retornando nos últimos 20 dias, eles se aproximaram e começaram a conversar. Eles trocavam mensagens via telefone celular”, reforçou o delegado.
Já sobre a morte da professora ser causada pelo fogo, Guelfi afirmou que essas informações dependem do laudo necroscópico. E ela ter sido vítima de violência sexual não é uma hipótese descartada, porém, “não há elementos materiais para afirmar”.
“Os indícios indicam que, a questão da perícia ter encontrado junto ao corpo um cabo metálico utilizado para amarrar as mãos, indica que eventualmente ela pode ter morrido em decorrência do fogo. Mas isso vai depender do laudo necroscópico que ainda não foi emitido”, finalizou o delegado.
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