sexta-feira, 28 de abril de 2023

Após vídeo com ameaças a eventuais testemunhas de tentativa de feminicídio, homens se autointitulam integrantes de facção criminosa e acabam presos


Foto: Polícia Civil

Mulher, de 25 anos, teve uma das mãos decepada pelo marido, que aparece na gravação, em Regente Feijó (SP). 'Vai morrer, mano. Vai morrer', afirmou investigado.
Por Rodrigo Marinelli, g1 Presidente Prudente
Três homens, de 28, 38 e 40 anos, foram presos temporariamente, nesta quinta-feira (27), por coação no curso do processo e organização criminosa, no Jardim Barra Funda, na Vila Eloá e na Vila Esperança, em Regente Feijó (SP).
As prisões foram feitas a partir do desdobramento das investigações sobre a tentativa de feminicídio que ocorreu na última sexta-feira (21) e vitimou uma mulher, de 25 anos, que foi esfaqueada pelo próprio marido e teve uma de suas mãos decepada. Ela já recebeu alta médica, mas voltará a ser hospitalizada nesta sexta-feira (28) para se submeter a uma nova cirurgia.
O delegado Airton Roberto Guelfi, responsável pelo caso na Polícia Civil, explicou ao g1 que, no dia do crime, que aconteceu por volta das 10h da manhã, o suspeito, de 36 anos, fugiu, se juntou a outros três homens, de 28, 38 e 40 anos, e os quatro gravaram um vídeo fazendo “menção" de participação em uma facção criminosa.
“Eles se tratam como 'irmãos' e no meio do vídeo um deles chama o outro de 'comandeiro', e na sequência eles fazem uma intimidação geral, falando que não é para ninguém falar nada e que não é para ninguém 'se meter no assunto', porque senão ia 'se ver com eles'. Eles fazem um gesto com a mão, de três dedos, que é menção justamente à organização criminosa", complementou.
O delegado também pontuou que eles falam que é para “ninguém se meter" e que os envolvidos utilizam “aquela frase de que, 'na briga de marido e mulher, não se mete a colher', e quem for se enfiar, vai se ver com a gente”.
“Então, quer dizer, já veladamente ameaçando quem eventualmente pensasse em colaborar com a polícia na investigação. Então, é a questão da coação no curso do processo", argumentou ao g1.
Guelfi adicionou que “foi justamente naquele momento, através daquele vídeo, que acabou incorrendo no crime de organização criminosa, porque eles se declaram, o tratamento 'irmão, comandeiro', aquelas coisas todas que são clássicas de organização criminosa”.
Diante dessas constatações, foi instaurado um inquérito contra esses três homens e a Polícia Civil representou à Justiça pela prisão temporária dos mesmos.
"O Ministério Público, quando faz a manifestação, cita que 'está claro que, pelo vídeo, eles se autointitulam membros da organização criminosa'. Esta foi a razão de, digamos assim, ter sido decretada a prisão", complementou.
Sobre o homem que foi preso pelo esfaqueamento, o delegado acrescentou que ele "também entra na questão da coação e organização, mas como ele já estava preso, não houve a decretação de uma nova prisão".
"O que nós tivemos foi uma complementação em relação a estes outros três [homens que foram presos]", enfatizou.
A Polícia Civil ainda não encontrou a faca utilizada no crime.
Os três homens presos nesta quinta-feira foram encaminhados à Cadeia de Presidente Venceslau (SP) para o cumprimento da prisão temporária por 30 dias, que podem ser prorrogados pelo mesmo período.
No local, os suspeitos aguardam a audiência de custódia, que será realizada na manhã desta sexta-feira.
O vídeo
No vídeo, de 45 segundos, ao qual o g1 teve acesso, três homens aparecem fazendo ameaças a pessoas que eventualmente estivessem "denegrindo a imagem" do suspeito pelo esfaqueamento da mulher. O homem, que está no centro da imagem e que foi preso no último sábado [22], chega até a falar, sobre supostas pessoas que colaborassem com as investigações: "Vai morrer, mano. Vai morrer".
Um dos envolvidos também menciona que, em "briga de marido a mulher, quem meter a colher vai tomar no c...".
Ao final do vídeo, um quarto homem aparece, em câmera frontal, se despedindo e encerrando a gravação.

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