terça-feira, 31 de janeiro de 2023

 

Aos 73 anos, Antonio Fagundes diz não pensar em aposentadoria e fala sobre atuar em novelas: 'Se tiverem planos para mim, farei com prazer'

Gabriela Medeiros
Foto: Divulgação

No ar atualmente como Bruno Mezenga, na reprise de “O Rei do Gado”, e em cartaz no Rio de Janeiro com a peça “Baixa terapia”, Antonio Fagundes sempre tem muito o que falar. Em tempos em que o “Big Brother Brasil” muitas vezes toma conta das pautas, até no reality show ele dá uma espiada, mas só para manter-se minimamente antenado. “De vez em quando, eu dou uma olhadinha assim, só para não ficar muito por fora. Mas não acompanho”, destaca ele. Bom de prosa, o veterano conta que nunca foi para o divã, mas na entrevista abaixo abre o coração sobre muitos assuntos que tanta gente leva para o terapeuta: família, relacionamento, trabalho... Confira o papo:

A terapia de Fagundes

Aos 73 anos e apaixonado pela profissão, o ator afirma que o trabalho tem efeito terapêutico em sua vida:

— Acho que o trabalho do ator acaba sendo uma espécie de terapia. Ao abordar um personagem, a primeira coisa que você tem que fazer é abrir seu coração ou sua mente, a sua disponibilidade para o outro. Você tem que entender quais problemas aquele personagem está vivendo. Naturalmente, ao fazer isso, você se coloca um pouco na situação dele naquele momento e dentro daquele contexto. Isso é uma espécie de terapia. Se você consegue fazer isso profissionalmente, fica mais fácil fazer na vida pessoal.

Ele é carioca

O ator, que voltou a viver no Rio após muito anos morando em São Paulo, não esconde a felicidade, compartilhada por toda a equipe do espetáculo “Baixa terapia”, pelo fato de estar em cartaz na cidade. A peça estreou no início de janeiro por aqui e segue em curta temporada no Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea, de sexta a domingo. No palco, ele é um dos atores que vivem a história de três casais que não se conhecem e se encontram inesperadamente em um consultório para a sessão de terapia, descobrindo que a terapeuta não estará presente. A partir daí, arrancam gargalhadas da plateia com suas queixas, confissões, suspeitas, revelações, verdades e mentiras.

— Tenho certeza de que essa será uma temporada muito especial na Cidade Maravilhosa — empolga-se o carioca de nascimento, enaltecendo o Rio: — A cidade tem tanta coisa boa para apresentar que eu poderia ficar meia hora falando das coisas de que gosto.

Problemas de casal

Enquanto no espetáculo em cartaz os personagens se conhecem a partir de uma terapia de casal, o ator conta que nunca recorreu a essa ferramenta. Mas não descarta a eficácia do método para resolver problemas de relacionamento.

— Estamos fazendo uma comédia hilariante. O autor pega situações em que a plateia gargalha. Obviamente que quem tem um problema conjugal para resolver não o faria dessa forma. Mas conversar é sempre bom. Para aquelas pessoas que sentem a necessidade de resolver algo com ajuda profissional, é superválido procurar apoio.

O texto da peça, aliás, é traduzido por uma de suas ex-mulheres, Clarisse Abujamra. E, em cena, Fagundes também divide o palco com sua atual parceira e outra ex: Alexandra Martins e Mara Carvalho, respectivamente.

— A relação entre todos nos bastidores é boa. Ou não teria dado tão certo esse nosso encontro. E não é algo restrito apenas ao trabalho, existe uma proximidade entre a gente — conta ele.

O ator sem sua profissão

Apesar da dedicação à peça no Rio, Fagundes conta que sempre gosta de estar alguns passos à frente na hora de pensar seus trabalhos, e adianta que já tem outros planos em andamento para 2023.

— Sempre tenho um ou dois projetos à frente — pontua, disposto a fazer mais novelas: — Hoje em dia, como os streamings e a própria TV aberta estão contratando por obra, os planos têm que ser deles, não nossos. Se tiverem algum plano para mim e as condições forem boas, eu farei com o maior prazer.

Com uma coleção de personagens inesquecíveis na memória do público, como o próprio Bruno Mezenga, deixar o ofício não é uma opção para o ator veterano:

— Sempre vai ter um bruxinho velho para a gente fazer. Não existe aposentadoria para ator — frisa Fagundes, demonstrando manter o entusiasmo com o seu ofício: — Ficamos nervosos, sim, todos os dias. É sempre uma grande responsabilidade você receber no teatro, diariamente, 700 pessoas diferentes que não sabem nada sobre o que você vai contar para elas. O dia em que deixarmos de sentir isso, temos que mudar de profissão.

Versão pai

Na intimidade, quando está distante dos palcos, das telas da TV ou dos sets de cinema, Fagundes admite ser um pai completamente babão com seus quatro filhos.

— Eles não crescem para nós, são sempre as crianças (risos) — justifica.

Ao falar sobre o apoio que um dos filhos, o também ator Bruno Fagundes, recebeu nas redes após ser criticado quando assumiu publicamente seu relacionamento com o ator Igor Fernandez, o pai é otimista:

— Cada vez mais esse tipo de apoio vai aparecer, se firmar. Acredito e sou realmente esperançoso de que a gente não vai mais precisar falar sobre isso. Também o apoiei, claro, e apoiarei sempre.

O Brasil de agora

Sobre a chegada de um novo ano e do novo governo na presidência, Fagundes pega emprestadas as palavras de um de nossos grandes escritores para manifestar a sua própria opinião:

— Vou citar um pensamento de Ariano Suassuna de que gosto muito: “Os otimistas são ingênuos, os pessimistas são amargos. Eu prefiro ser um realista esperançoso”.

fonte:https://extra.globo.com/

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