quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

As faces da violência contra mulher


Pode ser um close-up de 1 pessoa

Foto: O globo

Por Jô Alvim, Psicóloga/ g1 prudente
É fato que as mulheres caminharam muito para obterem conquistas e, apesar das barreiras e desafios, conseguiram muitas vitórias. Contudo, a desigualdade entre homens e mulheres ainda pode ser notada em vários contextos.
Mesmo numa sociedade marcada pelo avanço tecnológico e pelas profundas transformações nos níveis econômicos, sociais, profissionais, políticos, dentre outros, ainda há homens que veem a mulher como objeto de sua posse.
Estupros, assédios, abusos, discriminação são algumas das situações que muitas mulheres vivenciam e a maioria sofre em silêncio por medo ou vergonha. A despeito das campanhas de combate à violência contra a mulher, os números não diminuem. As estatísticas são assustadoras tanto quanto as justificativas apresentadas pelos agressores. E os gatilhos que levam a uma reação violenta têm um denominador comum: a incapacidade de tolerar a frustração. E isso, como mostra os noticiários, não tem a ver com classe social e sim com a estrutura interna de cada um.
Nas organizações de trabalho, embora sua participação tenha sofrido modificações significativas ao longo do tempo, ainda há empresas que remuneram mulheres com salário inferior ao dos homens, mesmo em cargos iguais. Isto pra citar apenas um exemplo de como ainda há muitos ambientes corporativos que costumam privilegiar valores esteriotipadamente masculinos.
Não é incomum no âmbito familiar as queixas quanto à sobrecarga de tarefas, resultando em jornadas duplas ou triplas. Além disso, há inúmeros casos de relacionamentos abusivos que podem ocorrer tanto no ambiente trabalho ou nas relações afetivas, sendo essa a mais comum, e que deixam marcas indeléveis. São condutas de opressão que silenciam muitas mulheres, em nome do que chamam de amor.
Soma-se a isso, os sintomas da vida pós-moderna que determinam à mulher padrões de beleza rígidos, como o de como se manter magra e sempre jovem, sendo que tais parâmetros, quando levados a extremos, podem provocar distúrbios, comprometendo a sua saúde física e mental. São formas de violência, nem sempre observadas como tal.
A decisão da mulher sobre o próprio corpo, sobre a maternidade, os cuidados com o filho, e tantos outros assuntos, etc., não são vistos como fenômenos naturais quando a sua escolha vai na contramão dos modelos praticados até então.
Enfim, o assunto é extenso e não se esgota fácil. Há muito que se discutir sobre as formas de violência contra mulher. E, apesar das leis, não há uma única maneira de acabar com esta violência, até porque não dá pra tratar de forma simplista. Porém, há um ponto de partida e ele está na necessidade de refletirmos sobre os valores familiares e a definição de relações humanas. O que é ensinado aos filhos?
A infância é o período mais importante do desenvolvimento do ser humano. O aprendizado ao respeito inicia e fortalece nesta etapa. Assim, a permissividade na educação dos filhos é prejudicial. Uma criança que não aprende a ter limites, cresce com uma percepção deformada do outro, e isto inclui, dentre outras consequências negativas, o enfraquecimento do reconhecimento dos sentimentos alheios, o desrespeito pelo outro que, sem dúvida, mantém a assimetria de poder.
Autora: Joselene L. Alvim- psicóloga

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