quinta-feira, 30 de junho de 2022

 

Procura por empréstimo cresce 13,3% no último mês. Veja os oito erros mais comuns antes de solicitar crédito

Um levantamento da Serasa mostra que quem mais procurou linhas de crédito em maio foram aqueles que recebem entre R$ 2 mil e R$ 5 mil
Um levantamento da Serasa mostra que quem mais procurou linhas de crédito em maio foram aqueles que recebem entre R$ 2 mil e R$ 5 mil Foto: Arquivo
Leticia Lopes
Foto: Arquivo

Em meio a um cenário de inflação crescente e com a população mais endividada — com 77,4% das famílias com débitos (em atraso ou não), segundo o último balanço mensal da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic-CNC) —, a busca por empréstimo tem crescido. Uma pesquisa da Serasa mostra que os pedidos de crédito aumentaram 13,3% em um mês, entre maio e abril, o maior crescimento desde o início de 2022.

Na comparação anual, entre maio passado e de 2021, o crescimento foi de 11,2%. O Indicador de Demanda do Consumidor por Crédito também aponta que, no mês passado, quem mais procurou linhas de crédito foram aqueles que recebem entre R$ 2 mil e R$ 5 mil, 14,3% a mais do que no mês anterior. A demanda de pessoas com renda mensal de até R$ 500 teve aumento de 10,8%.

— Mesmo com a alta da taxa de juros, consumidores continuam atuando com o modelo de consumo por necessidade e utilizando o crédito para honrar compromissos financeiros, além de complementar o pagamento de itens e serviços prioritários que não puderam ser pagos com o orçamento mensal habitual — diz o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.

Para evitar transformar o empréstimo numa dor de cabeça, especialistas alertam que o crédito deve ser consciente, pelo menor prazo e valor. Para isso, é preciso fazer o dever de casa, avaliando todas as condições e taxas e comparando as ofertas.

Coordenador do MBA em Finanças do Ibmec-RJ, o economista Gustavo Moreira lembra que o mais importante é evitar ao máximo ter que recorrer ao empréstimo. O tão lembrado planejamento financeiro, ele diz, precisa fazer parte do dia a dia das famílias.

— O empréstimo deveria ser uma alternativa apenas em última instância. É preciso uma reserva de emergência. Se estamos pensando em comprar algo de alto valor, o ideal é poupar antes, e não recorrer a um crédito para isso. Juros são dinheiro que você basicamente "joga fora", e no fim, o valor pago é muito mais alto do que o inicial — afirma.

Veja os principais erros na hora de contratar empréstimo

Não pesquisar os diferentes tipos de crédito

Existem diferentes tipos de empréstimo disponíveis no mercado: crédito pessoal, consignado, com garantia, cheque especial, penhora... Pesquisar as opções é essencial para entender qual das ofertas se adequa mais à sua realidade. Cada um deles oferece diferentes tipos de taxa e riscos.

Para Myriam Lund, economista e professora dos MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV), o crédito pessoal é mais vantajoso, desde que quitado em até 12 meses e após a taxa de jursos ser negociada.

— O consignado, por mais baixo que seja, se fechado com mais de 12 meses de prazo de pagamento, se torna um martírio pela redução do salário. Usar o imóvel como garantia também é muito arriscado. Se você não faz um empréstimo consciente, você corre risco de perder o bem — diz.

Não comparar

Antes de assinar o contrato, é muito importante analisar as ofertas disponíveis, comparando as taxas de juros oferecidas e o prazo de pagamento. Para especialistas, o prazo de pagamento deve ser sempre o menor possível, de no máximo 12 meses, período em que é possível um "sacrifício" maior no orçamento familiar para que o valor seja quitado — algo mais difícil de se manter em 36 ou 48 meses, por exemplo.

Já os juros devem ser negociados. No site do Banco Central (bcb.gov.br/estatisticas/txjuros), é possível checar as taxas praticadas pelas instituições financeiras nas diferentes modalidades de crédito.

Não entender o que compõe a dívida

Para além da taxa de juros, outros tributos e taxas, que podem variar de instituição para instituição, compõe o valor final que será cobrado do consumidor pelo empréstimo, o chamado Custo Efetivo Total (CET).

Não ler o contrato com atenção

Sabe as chamadas "letras miúdas"? Precisam receber toda a atenção. O consumidor deve conferir se tudo que é oferecido está disposto no contrato, como o valor solicitado e as taxas e tributos informadas. Se não entender bem o que está escrito, pergunte ao atendente e tire todas as dúvidas antes de assinar.

Pegar um valor mais alto que o necessário

Em que o valor será usado? O consumidor precisa conseguir responder a essa pergunta de maneira objetiva, para evitar que acabe se endividando ainda mais. Para isso, deve se ter em mente qual o valor realmente necessário.

Além disso, os especialistas alertam que é preciso evitar contrair empréstimo para o consumo de bens desnecessários ou supérfluo, e também para quitar outros empréstimos. Nesse caso, a renegociação é o caminho.

Não se planejar para pagar

Apesar das recomendações de especialistas para que o orçamento esteja sempre em dia, o cenário de inflação alta, desemprego e endividamento acaba dificultando que o planejamento financeiro das famílias seja colocado em prática. Mas, na hora de tomar crédito, isso toma outra proporção, já que o pagamento das parcelas pode acabar piorando a situação financeira.

O valor da parcela precisa caber no orçamento, com alguma folga caso algum imprevisto aconteça, como a perda do emprego, por exemplo.

Não se certificar de que a instituição é confiável

Além dos bancos, muitas instituições financeiras oferecem os mais diferentes tipos de empréstimo. Mas elementos fora da normalidade, como uma oferta boa demais para ser verdade, chamam a atenção. Para evitar cair em um golpe, por exemplo, é preciso estar atento se a empresa é confiável. Pesquise se a empresa tem alguma página na internet e procure feedbacks de outros clientes.

Um caminho é checar no Banco Central (BC) se ela é registrada e tem autorização para operar. A busca é simples: primeiro, é preciso acessar o site do BC (bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/encontreinstituicao). Na página, é possível buscar a instituição por segmento, nome, CNPJ, estado e/ou município em que atua.

É golpe: pagar taxas ou valores adiantados

Taxas extras podem ser cobradas na contratação de empréstimo, mas são inclusas no Custo Efetivo Total (CET) e abatidas no valor do empréstimo. Qualquer valor que precise ser pago adiantado não deve ser cobrado. Segundo especialistas, é uma modalidade de golpe que deve ser denunciada ao Banco Central.

Fonte: Myriam Lund, economista e professora dos MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV), e Gustavo Moreira, coordenador do MBA em Finanças do Ibmec-RJ.

fonte:https://extra.globo.com/

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